Mineração e Agronegócio: qual a relação entre esses setores? - CORE CASE

Mineração e Agronegócio: qual a relação entre esses setores?

O agronegócio e a mineração são dois dos setores mais relevantes para a economia Brasileira. Segundo uma pesquisa feita pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o Agronegócio cresceu 8,36% em 2021, alcançando uma participação de 27,4% no PIB do país.

Já o faturamento do setor de mineração subiu 62% em 2021, em relação a 2020, atingindo R$ 339 bilhões de reais. 

Principalmente devido aos fertilizantes, a mineração e o agronegócio estão extremamente relacionados, para saber mais, leia até o final!

Commodities agrícolas e fertilizantes

Os fertilizantes são produtos que fornecem nutrientes para que as plantas se desenvolvam, sendo usados largamente em diversas culturas para a manutenção do solo e melhoria dos alimentos. O NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) é um dos fertilizantes mais conhecidos do mundo e o Brasil depende de 90% do potássio, 70% do nitrogênio e 50% do fósforo falando de importação.

Dessa forma, a mineração e a extração dessas substâncias naturais estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento do agronegócio, pois, com uma diminuição da produção desses fertilizantes naturais, o agronegócio é afetado diretamente.

Remineralização de solos ou Rochagem

A técnica de rochagem ou remineralização de solos consiste na aplicação de rochas moídas no solo, com o objetivo de recompor a fração de minerais que foram intemperizados e são portadores de nutrientes relevantes para as plantas (VAN STRAATEN, 2007).

Esses nutrientes podem ser categorizados como:

  • Macronutrientes: K, P, Ca, MG e S;
  • Micronutrientes: B, Cl, Cu, Fe e elementos benéficos como a Sílica.

Esses remineralizadores, por serem provenientes de rochas silicáticas, possuem uma maior variedade de nutrientes secundários e micronutrientes em relação aos fertilizantes solúveis.

De uma forma geral, pesquisas do SGB-CPRM têm mostrado que rochas vulcânicas alcalinas, como fonolitos, kamafugitos e alguns basaltos, têm apresentado resultados muito bons como remineralizadores, assim como os biotita xistos.

Além disso, insumos minerais podem ser utilizados para correção da acidez de solos, e outras práticas. Isso contribui para o desenvolvimento sustentável da agricultura, e também para maior autonomia desse setor.
A Instrução Normativa nº 5, de 2016, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece as regras para os remineralizadores, acesse o link para saber mais.

Tendência futura

Segundo alguns estudos e projeções do Ministério da Agricultura, o Brasil deve ter um aumento de 27% na produção de alimentos na próxima década, o que vai aumentar a necessidade de NPKs e outros insumos naturais e sua aplicação no agronegócio.

Dessa forma, o Serviço Geológico do Brasil realizou uma campanha de prospecção mineral voltada para esses insumos no ano de 2020.

Para o potássio, a potencialidade dos depósitos de sais de potássio foi ampliada em 70% devido a ocorrências provenientes na Bacia do Amazonas, que podem ter similaridade geológica com outras áreas que são as principais produtoras de potássio no mundo, como a Rússia e o Canadá.

Já em relação ao Fosfato, foi descoberto o projeto de carbonatito no Rio Grande do Sul em 2009, que recentemente teve licença prévia aprovada e prevê investimentos de R$ 400 milhões de reais.

Projeto Agrominerais do Grupo Serra Geral

No ano passado, foi apresentado pelo SGB-CPRM o projeto Agrominerais do Grupo Serra Geral, no Rio Grande do Sul, que caracterizou a parte do estado da província de basaltos continentais Paraná-Etendeka, de idade eocretácea.

O projeto foi desenvolvido para a pesquisa de fontes alternativas de nutrientes agrícolas e corretivos de solo provenientes das rochas vulcânicas da metade norte do estado, integrando o projeto de Avaliação do Potencial AgroMineral do Brasil, que tem por objetivo o

levantamento e a avaliação de fontes de minerais e rochas para emprego na técnica de remineralização e condicionamento de solos em todo o território nacional, com ênfase em materiais disponíveis em pilhas de descartes de mineração.

Para este estudo em específico foi feito um levantamento de campo entre julho de 2012 e junho de 2014, com o foco de coletar quantidades de amostras de rocha, finos de britagem e zeólitas para ensaios agronômicos.

Esquema litoestratigráfico do grupo Serra Geral no Rio Grande do Sul e distribuição dos pontos amostrados. Fonte: https://rigeo.cprm.gov.br/handle/doc/22373

Foram realizadas:

  • Análises petrográficas;
  • análises litoquímicas;
  • análises por microscopia eletrônica de varredura;
  • análises por difratometria de Raios X;
  • análises por espectroscopia de reflectância (ER).

Após todas as análises e o trabalho de laboratório, as amostras de rochas foram caracterizadas de acordo com seu potencial para constituírem agrominerais, incluindo neste caso remineralizadores de solo, condicionadores de solo, fertilizantes ou elementos benéficos.

A presença do metal pesado Cd em parte das amostras de basaltos da região acabou mostrando ressalvas com o cuidado em relação à preservação da segurança alimentar no emprego dessas rochas na agricultura.

O trabalho demonstrou que a região possui potencial, mas que pesquisas ainda mais específicas devem ser realizadas para atestar se é possível a utilização desse material ou não. Para conferir o estudo completo, acesse esse link.

Como visto anteriormente em tendências futuras e devido a crise dos fertilizantes em 2022, considerando o conflito entre Ucrânia e Rússia, os preços desses insumos ficaram cerca de 78% acima da média de 2021. Esse acontecimento comprovou o quanto é importante investir nessa área e o quão relevante ela é, não só para o Brasil, mas para o mundo.

Dessa forma, cada vez mais é importante que se invista em pesquisa e prospecção mineral focada nesse tipo de fertilizante e em agrominerais, com isso, o país vai conhecer melhor o potencial de suas reservas e quais áreas devem ser as regiões focos em futuros estudos e pesquisas para essa pauta.


Referências:

https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-ambiente/2022/05/falta-de-fertilizantes-pode-levar-a-crise-alimentar-global-haveria-uma-solucao#:~:text=%E2%80%9COs%20pre%C3%A7os%20est%C3%A3o%20mais%20ou,n%C3%A3o%20est%C3%A3o%20dispon%C3%ADveis%20para%20eles.

https://rigeo.cprm.gov.br/handle/doc/22373

https://www.cepea.esalq.usp.br/br/releases/pib-agro-cepea-pib-do-agro-cresce-8-36-em-2021-participacao-no-pib-brasileiro-chega-a-27-4.aspx#:~:text=Cepea%2C%2016%2F03%2F2022,8%2C36%25%20em%202021.
https://www.cprm.gov.br/remineralizadores/

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